Segurança: milícias comandam 78 favelas no Rio
Formadas no começo dos anos 80 para supostamente proteger quem vive onde o Estado raramente chega, as milícias armadas estão em 78 favelas do Rio de Janeiro (a maioria na zona oeste da cidade). Nos últimos quatro anos, os números da Secretaria de Segurança Pública mostram que, a cada mês, pelo menos uma favela é invadida e ocupada pelos grupos.Segurança: milícias comandam 78 favelas no Rio Terra - Polícia
Juntos, os bairros de Jacarepaguá, Praça Seca e Itanhangá concentram 30% das favelas controladas pelos paramilitares. A Cidade de Deus é a única que permanece nas mãos do Comando Vermelho e é desejada pela capacidade de produzir dinheiro.
Lá moram mais de 50 mil pessoas, que podem ser transformadas em consumidores da TV por assinatura da milícia e usuários das Kombis piratas. Sem contar com o ágio que sempre cobram sobre a venda de botijões de gás.
A principal favela liderada pelos grupos armados é também o berço da milícia: Rio das Pedras, em Jacarepaguá. Foi lá que os policiais e ex-agentes iniciaram a história na cidade, como uma cópia dos grupos de extermínio dos anos 70 e 80.
Eles eliminaram os rivais e assumiram os serviços sociais. No passo seguinte, controlaram o transporte, a entrega de gás e materiais de construção. Com os traficantes, aprenderam a distribuir cestas básicas e pequenos favores para criar uma rede de proteção e aliados na favela.
O sucesso no empreendimento serviu de lição. No começo dos anos 90, surgiam nas favelas da Tijuquinha, no Itanhangá, e em Gardênia Azul, em Jacarepaguá, novos grupos controlando as favelas e oferecendo segurança privada aos comerciantes.
Expansão
Em 2004, a expansão chegou à outra ponta da zona oeste (em especial a Campo Grande e Bangu), à região norte e ao subúrbio da Leopoldina, incluindo Penha, Engenho Novo e Pilares. Tomou, inclusive, a praia de Ramos, logo depois da inauguração do piscinão.
A milícia conta com o apoio de forças do Estado em algumas de suas ações. Em 2007, na Cidade Alta, em Cordovil, os agentes paramilitares tiveram a ajuda de uma viatura blindada da PM, como foi investigado pela Corregedoria Geral Unificada da Secretaria de Segurança Pública.
A disputa com o tráfico chega à vizinha favela da Kelson's, onde um grupo de PMs teria expulsado os traficantes e passado a perseguir os moradores que são considerados suspeitos de ligação com os "ex-donos" da favela.
Uma das vítimas desta guerra foi o presidente da Associação de Moradores, Jorge Siqueira Neto, que foi seqüestrado no ano passado e nunca mais apareceu. Cinco policiais foram presos e acusados de participar de assassinatos na favela.
Na mesma interceptação, um outro policial brinca com os assassinatos dizendo que "opera as pessoas sem anestesia".O Dia
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