MP vai investigar morte de jovem
O procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira, afirmou no domingo (29) que será instaurado um procedimento administrativo no Ministério Público para apurar as circunstâncias em que o jovem foi baleado e morto próximo a uma boate, na Zona Sul do Rio, após ser atingido por um tiro que teria sido disparado pelo policial militar Marcos Parreira do Carmo. O PM fazia, há sete anos, a segurança de uma promotora e, segundo a Polícia Civil, estaria acompanhando seu filho.G1 > Edição Rio de Janeiro - NOTÍCIAS - Consulado dos EUA promete apoio à família de jovem baleado perto de boate
Marfan informou que determinou ao coordenador de segurança e inteligência do MP a instauração do procedimento nesta segunda-feira (30). Segundo Marfan, o policial e as testemunhas do caso serão ouvidos. O procurador informou que a apuração independe do processo criminal e, se for comprovado desvio de conduta e falta de cuidado, o policial será devolvido à corporação. Se for o caso, o MP pode recomendar aplicação de sanções ao PM. O policial está preso e foi autuado em flagrante por homicídio. Proteção se estende à família.
Segundo o procurador, a arma usada no crime, uma pistola 380, é de propriedade da Polícia Civil e estava emprestada ao MP para uso do policial. O PM integra o Grupo de Apoio a Promotores (GAP), da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público, que conta com 200 homens. Marfan ressalta que a maioria desses policiais, civis e militares, trabalha dando apoio aos promotores, atuando, por exemplo, em diligências.Segundo Marfan, os policiais atuam como seguranças de alguns promotores que estão ameaçados de morte por conta do exercício de suas funções. Nesse caso, a proteção se estende à família.
“É comum a que a retaliação se materialize numa agressão a um filho, um parente próximo”, explicou.
Mãe pede justiça
A mãe do estudante Daniel Duque, de 18 anos, pediu justiça ao deixar, na noite de sábado (28), a delegacia onde o caso é apurado. Emocionada, Daniela Duque fez um desabafo. “O cara disse que foi legítima defesa. Legítima defesa de que? Se o menino estava no chão, apanhando? Que legítima defesa é essa?”, disse a mãe do rapaz, que chegou à delegacia no momento em que o policial estava sendo transferido. “Quero justiça, mais nada. Só acho que as pessoas têm que acabar essa impunidade no Brasil. Que país é esse, gente? A gente paga imposto para caramba, faz tudo e não tem direito a absolutamente nada. Uma pessoa que era para proteger tira a vida do meu filho”.
A mãe de Daniel Duque se desespera ao ver o PM deixando a delegacia, na noite de sábado: policial foi transferido para batalhão
Menos de três horas depois de ter enterrado o filho, Daniela se desesperou aover o policial sendo transferido para um batalhão prisional da PM.
“Ele não vai sair daqui, você não vai sair! Você matou o meu filho!”, gritou, socando o carro.
“Quando eu vi o assassino dele saindo sem algemas, fazendo sinal de legal para os caras, apertando a mão e rindo como se nada tivesse acontecido. Como se fosse assim, banal, uma coisa muito normal, atirar no filho dos outros. Eu fiquei enlouquecida, perdi a cabeça”.
O policial se apresentou na tarde de sábado e confessou ter dado dois disparos para o alto. Ele teve a arma apreendida para perícia e foi autuado em flagrante por homicídio. Na noite de sábado (28), ele foi transferido para o Batalhão Prisional da PM. Segundo o delegado de plantão da 14ª DP (Leblon), Gilson Perdigão, a prisão do policial já foi comunicada à Justiça. A polícia, no entanto, não informou detalhes sobre o depoimento do PM.
Parentes e amigos inconformados
O corpo de Daniel foi enterrado no fim da tarde de sábado (28), no Cemitério do Caju. Parentes e amigos estavam chocados e inconformados com a violência. O rapaz foi morto durante uma confusão na saída da boate. Um dos amigos do jovem contou que eles estavam comemorando um aniversário. Por volta de 5h, o aniversariante, acompanhado de Daniel e de outro rapaz, teriam decidido sair da boate. Daniel teria seguido na frente com um deles. Segundo o amigo, quando ele chegou na rua, viu que os dois estavam envolvidos em uma briga, em que Daniel teria ficado bastante machucado. Foi quando teriam sido ouvidos três tiros.
Uma das testemunhas, que não quer ser identificada, confirma a versão e diz que quem atirou foi o segurança de um dos rapazes de outro grupo.
“O segurança foi defender o patrão. Só que o segurança do cara se envolveu. Deu três tiros para o alto para parar.
Não parou, o segurança foi e deu um tiro”, contou a testemunha. Os amigos de Daniel contaram ainda que, depois dos tiros, o segurança se afastou. Eles então levaram Daniel para o hospital sem saber que ele tinha sido baleado. Somente no hospital foi confirmado que o rapaz tinha sido atingido no peito. O jovem não resistiu aos ferimentos. Briga foi só do lado de fora, diz sócio de boate.
Um dos proprietários da Baronetti, Zeca Werneck, afirmou que não houve qualquer tipo de confusão dentro da casa. Segundo ele, a briga ocorreu do lado de fora, do outro lado da rua. Werneck disse que, se a polícia solicitar, poderá entregar fitas com imagem do interior da boate. Mas acha que elas pouco poderão ajudar, já que não mostram a briga ou o momento do disparo. “Ninguém entra armado na boate. Temos revista pessoal e um sensor na porta. Lá dentro, não houve nada”, disse Werneck.
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