Revolta, desmaios e muita comoção no enterro do menino João Roberto
O velório do menino João Roberto Soares, de 3 anos, morto por policiais que confundiram o carro de sua mãe com o de bandidos, domingo, na Tijuca, transcorreu sob forte comoção. Muito abalados, os pais do menino saíram do Cemitério do Caju, na Zona Norte do Rio, dentro de uma ambulância do Samu.Revolta, desmaios e muita comoção no enterro do menino João Roberto - O Globo OnlineDurante o cortejo, a mãe de João, a advogada Alessandra Amorim Soares, teve que parar três vezes para conseguir continuar a caminhada. João Roberto foi enterrado sob uma salva de palmas pedida por seu pai. O menino foi enterrado com a roupa do Homem Aranha, seu super-herói favorito.
Alessandra chegou à capela por volta das 14h30m desta terça-feira. Bastante abalada, ela teve que sair do local por alguns intantes, amparada por amigos, para ficar em outra capela, vazia. Já o pai de João, o taxista Paulo Roberto Soares, protestou aos gritos, dentro da capela:- Eu sou carioca, amo a minha cidade. Tiro meu meu sustento daqui. Nós não merecemos isso. Estou revoltado.
Vários parentes também desmaiaram no cemitério e tiveram que ser levados para uma capela vazia próxima para serem socorridos. Por causa da confusão da multidão, taxistas amigos do pai de João Roberto improvisaram um cordão de isolamento diante da capela, para que os parentes pudessem entrar sem tumulto e o corpo do menino pudesse ser levado até o túmulo. Uma carreata em protesto pela morte do menino deixou o trânsito lento na Radial Oeste.
Cerca de 300 pessoas - entre parentes, amigos, vítimas da violência e integrantes de ONGs - compareceram ao enterro. Após o sepultamento, integrantes do Movimento Rio de Paz soltaram um balão vermelho, em homenagem ao menino. Eles também carregavam duas faixas. Uma delas dizia "João Roberto - 3 anos - tragédia anunciada" e a segunda trazia estatísticas de homicídios no Estado entre 2000 e 2007 e projeções para 2008. Nenhuma autoridade compareceu ao enterro. Amigos da família reclamaram que nenhum representante do governo do estado sequer enviou uma coroa de flores ou entrou em contato por telefone.-- Apesar de termos pedido a presença de uma alguma autoridade, ninguém compareceu. Nosso acalanto é o fato de a fita com as imagens ter sido divulgada. Isso mostra que não haverá corporativismo nas investigações -- disse Carlos André Gonçalves, amigo da família.
O ex-comandante da Polícia MIlitar Ubiratan Ângelo foi ao enterro do menino João Roberto, no Cemitério do Caju, e disse que a criança "é uma vítima do desinteresse pelo capital humano na polícia. Não existe política de segurança alguma, nem a do 'atire primeiro e pergunte depois'. O que existe são decisões dos gestores dos batalhões e delegacias".
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Durante o cortejo, a mãe de João, a advogada Alessandra Amorim Soares, teve que parar três vezes para conseguir continuar a caminhada. João Roberto foi enterrado sob uma salva de palmas pedida por seu pai. O menino foi enterrado com a roupa do Homem Aranha, seu super-herói favorito.
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