Cartilha pretende ensinar governantes a desenvolver a Amazônia sem devastá-la

Ter, 18/11/08
por Globo Amazônia |

Historicamente, muitas medidas tomadas por diferentes governos para desenvolver a Amazônia se mostraram desastrosas do ponto de vista ambiental. Para evitar que os erros se repitam, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o Smithsonian Tropical Research Institute, dos EUA, produziram uma cartilha educativa voltada a ocupantes de cargos de decisão da esfera governamental, que chegou às mãos da reportagem do Globo Amazônia durante a Conferência Científica Internacional Amazônia em Perspectiva, em Manaus. Distribuída a ministros, secretários e outros funcionários de alto escalão, ela ensina doze princípios básicos para que estes privilegiem um desenvolvimento menos destrutivo da maior floresta tropical do mundo. Veja abaixo os doze mandamentos elencados pelos cientistas:

1 - As florestas intactas da Amazônia acumulam carbono – portanto, para o bem do clima global, o máximo possível dela deve ficar em pé.

2 - O desenvolvimento deve ser concentrado em poucas áreas – projetos de colonização esparsos fragmentam a floresta, alterando seu ciclo normal de vida.

3 - Evite expandir estradas e rodovias por áreas de floresta – na Amazônia, 95% do desmatamento ocorre num raio de 25 quilômetros de estradas e rodovias.

4 - Estradas pavimentadas têm impactos mais severos que as estradas não-pavimentadas – asfaltadas, as rodovias tendem a originar redes de estradas secundárias, que aumentam a destruição da floresta.

5 - A construção de estradas e rodovias tem de ter planejamento antes e fiscalização depois – as novas estradas propiciam especulação imobiliária e, além disso, é muito difícil fazer com que se respeitem as áreas de conservação próximas delas.

6 - Ferrovias são melhores que estradas para reduzir danos às florestas – as ferrovias concentram a destruição da floresta em poucas áreas e facilitam a fiscalização de atividades ilegais. 7) Minimizar as queimadas durante as secas – durante a estiagem as queimadas propositais podem sair de controle e, por isso, devem ser fortemente restringidas e punidas.

8 - Para a vida silvestre mais sensível, até mesmo uma clareira pequena pode ser prejudicial – certas espécies não conseguem conviver bem com clareiras de nenhum tamanho. Por isso é importante evitar a derrubada de mata por menor que seja.

9 - Promover a extração de madeira com impactos reduzidos – mesmo a extração seletiva de poucas árvores da floresta causa danos se forem abertas estradas e pátios sem planejamento adequado.

10 - Atividades ilegais promovem o desmatamento – promover o cumprimento das leis ambientais reduz o desmatamento porque ele é causado, em sua maioria, ilegalmente.

11 - A conectividade das florestas tem de ser mantida – quando há desmatamento em volta de uma certa área de floresta, criando uma ilha de mata, algumas das espécies encontradas ali podem se extinguir localmente. A solução é criar corredores de no mínimo 100 metros de largura ligando as áreas de floresta.

12- Mega-reservas são necessárias – elas são cruciais para assegurar a sobrevivência de grandes predadores e espécies migratórias, por exemplo

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