Conter a expansão do gado é um bom negócio



O Brasil tem 200 milhões de hectares de terra ocupados por pastos e 3 milhões cobertos por florestas plantadas pela indústria de papel e celulose. Adivinhe qual dos dois é mais produtivo. Se não conseguir, dê uma olhada na tabela de exportações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Na coluna da carne bovina verá que, em 2008, o país o exportou 5,3 bilhões de dólares. Na de papel e celulose, verá 5,8 bilhões de dólares. A desproporção entre a terra utilizada e o retorno financeiro é gritante.

A razão é que pecuária brasileira ocupa os pastos, em média, com um boi para cada hectare. Todo mundo já viu uma cena como a da foto acima sem se dar conta do desperdício que é. As técnicas mais modernas de criação já permitem que, em alguns lugares, se consiga chegar a três cabeças por hectare. Isso tudo é para dizer que há formas mais rentáveis de se ocupar o solo brasileiro.
Do ponto de vista da preservação, é o que faz mais sentido. A criação de gado é o maior indutor do desmatamento. Os bois avançam a fronteira desmatada sem custos adicionais para o criador. Ele nem precisa comprar motosserras e contratar muitos funcionários. Para combater essa forma de devastação, há diversos projetos em curso.

Replantar um hectare pode ter custo zero, se simplesmente se deixar o mato crescer em paz, como pediu Tom Jobim na magistral Borzeguim. Se a opção for pelo plantio de árvores de valor comercial, pode custar 5 000 reais por hectare. Mas nesse caso o que se está fazendo é um investimento. Há financiamento governamental a juros de 4% ao ano, com 20 anos para pagar. Já existem, portanto, as ferramentas para combater a expansão do gado na Amazônia, o principal problema ambiental hoje na região. Basta fazer o cálculo econômico. O que falta é usá-las.

Para quem não lembra, vai aqui a letra do maestro.

Borzeguim, deixa as fraldas ao vento
E vem dançarE vem dançar
Hoje é sexta-feira de manhã
Hoje é sexta-feira
Deixa o mato crescer em paz
Deixa o mato crescer
Deixa o mato
Não quero fogo, quero água(deixa o mato crescer em paz)
Não quero fogo, quero água(deixa o mato crescer)
Hoje é sexta-feira da paixão sexta-feira santa
Todo dia é dia de perdão
Todo dia é dia santo
Todo santo dia
Ah, e vem João e vem Maria
Todo dia é dia de folia
Ah, e vem João e vem MariaTodo dia é dia
O chão no chão
O pé na pedra
O pé no céu
Deixa o tatu-bola no lugar
Deixa a capivara atravessar
Deixa a anta cruzar o ribeirão
Deixa o índio vivo no sertão
Deixa o índio vivo nu
Deixa o índio vivo
Deixa o índio
Deixa, deixa
Escuta o mato crescendo em paz
Escuta o mato crescendo
Escuta o mato
Escuta
Escuta o vento cantando no arvoredo
Passarim passarão no passaredo
Deixa a índia criar seu curumim
Vá embora daqui coisa ruim
Some logo
Vá embora
Em nome de Deus é fruta do mato
Borzeguim deixa as fraldas ao vento
E vem dançarE vem dançar
O jacu já tá velho na fruteira
O lagarto teiú tá na soleira
Uirassu foi rever a cordilheira
Gavião grande é bicho sem fronteira
Cutucurim
Gavião-zão
Gavião-ão
Caapora do mato é capitão
Ele é dono da mata e do sertão
Caapora do mato é guardião
É vigia da mata e do sertão(Yauaretê, Jaguaretê)
Deixa a onça viva na floresta
Deixa o peixe n'água que é uma festa
Deixa o índio vivo
Deixa o índio
Deixa
Deixa
Dizem que o sertão vai virar mar
Diz que o mar vai virar sertão
Deixa o índio
Dizem que o mar vai virar sertão
Diz que o sertão vai virar mar
Deixa o índio
Deixa
Deixa
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