Deputados apóiam seu colega 'que se lixa'
O deputado "que se lixa para a opinião pública" fez escola. Na quarta-feira, Sérgio Moraes (PTB-RS), destituído pelo Conselho de Ética da Câmara da relatoria do caso do deputado Edmar Moreira (Sem partido-MG), ouviu palavras de apoio de muitos colegas do PTB, quase sempre na mesma linha do parlamentar gaúcho de atacar a imprensa. “Vejo esta Casa de joelhos para a imprensa, para prejudicar um colega nosso”, bradou o deputado Ernandes Amorim (PTB-RO). "Não viemos aqui (ao Congresso) para sermos expostos a todo momento.Deputados apóiam seu colega 'que se lixa' - VEJA.com
"O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), não gostou da comparação de Amorim e se sentiu diretamente criticado. "O único lugar onde me ajoelho é na Igreja do Senhor do Bonfim", reagiu. Petebista e gaúcho como Moraes, o deputado Paulo Roberto perguntou: "Qual de nós não foi vítima da imprensa?" Referindo-se a setores da mídia, o deputado ensaiou uma tese. "Fica a impressão de que existe um problema pessoal em relação ao nobre deputado Edmar Moreira", afirmou. Nenhum petebista que defendeu Moraes na tarde de quarta pertence ao Conselho de Ética. Os colegas foram à reunião dar apoio e prestigiar o relator destituído.
Pedro Fernandes (PTB-MA) defendeu o relator destituído, mas disse pensar de forma diferente dele. "Tenho medo da imprensa, da opinião pública. Obedeço à opinião pública", declarou, antes de pedir uma solução negociada entre Moraes e Araújo. Outro defensor de uma saída menos traumática do relator, Abelardo Camarinha (PSB-SP), também deixou sua frase de efeito: "A opinião pública elegeu Hitler, Mussolini e Collor. E absolveu Barrabás." O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), insistiu em que a saída de Moraes da relatoria "pela força" parecia "coisa da ditadura"."Já vi gente no Congresso dizendo que ia bater de cinto em jornalista. Já vi defenderem a pena de morte. Não concordo, mas tem de respeitar."
Contas - Apesar de ter dito que não tem roupa suja para lavar, durante os oito anos em que foi prefeito de Santa Cruz do Sul, o deputado Sérgio Moraes colecionou problemas de aplicação de recursos em sua administração. Há registros de falta de equilíbrio fiscal, irregularidades em convênios com entidades privadas e ONGs (como desvios de finalidade, falta de fiscalização e ausência de notas fiscais), pagamentos superiores aos devidos por serviços, infrações aos princípios de legalidade e economicidade, além de desrespeito à Lei de Licitações, contratações diretas irregulares e descumprimento da legislação ambiental.
Sua administração foi problemática. Em pelo menos cinco análises de contas foram detectadas irregularidades que estão registradas nas decisões do Tribunal de Contas do Estado. O TCE registra que "em diversos" casos a comprovação de despesas apresentada pela prefeitura "limitou-se a simples recibo sem credibilidade fiscal ou a fotocópia de notas fiscais, o que favorece a evasão fiscal pela via da sonegação, desvios de recursos e duplicidade na comprovação dos gastos". As contas receberam parecer pela reprovação do Ministério Público Estadual, mas o TCE, mesmo aplicando advertências e multas, decidiu aprová-las - livrando Moraes do risco de perder os direitos políticos.
(Com Agência Estado)
Leia na coluna do Augusto Nunes:
O despejado Moraes não perdeu a pose. “Sou aplaudido nas paradas de ônibus”, jurou. “No avião, o pessoal estava festejando comigo”. Os céticos de sempre não acreditam. Para que sejam merecidamente silenciados, a coluna convida o bravo gaúcho a submeter-se ao Teste do Viaduto. É só caminhar no Viaduto do Chá, às 6 da tarde de um dia útil, precedido por dois assessores com a faixa que identifica quem vem aí: ESTE É SÉRGIO MORAES, UM DEPUTADO QUE SE LIXA PARA A OPINIÃO PÚBLICA”. Boa sorte, Excelência.
Leia no Radar on-line, de Lauro Jardim:
O final da reunião do Conselho de Ética que destituiu Sérgio Moraes da relatoria do processo contra Edmar Moreira foi marcado pelas acusações do então relator contra a imprensa e o presidente do conselho, José Carlos Araújo. Foi um festival de frases dignas de serem guardadas para uma antologia do cara-de-pau.
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