Suspeitos de organizar safáris para caça de onças no Pantanal são presos

A Polícia Federal deflagrou na terça-feira (20) a operação Jaguar, para desmantelar uma organização criminosa de abate clandestino de animais de grande porte.

Segundo a PF, a quadrilha caçava especialmente onças pintadas, pardas e pretas, no Pantanal e em outras regiões.
Por volta do meio-dia, equipes da PF e do Ibama prenderam em Sinop (MT) oito pessoas acusadas de caça clandestina --quatro argentinos, um paraguaio e três brasileiros. Um dos brasileiros é policial militar no Mato Grosso. De acordo com a polícia, os presos planejavam fazer uma caçada na noite de ontem.
As investigações, feitas em conjunto com o Ibama, tiveram início no ano passado. A PF de Corumbá (MS) obteve informações de que carcaças de onças haviam sido encontradas em algumas fazendas na região pantaneira do Estado. Também houve o sumiço de felinos monitorados pelo IBAMA.

Em Miranda (MS), a PF identificou a participação de um caçador que atuava dentro do programa Pró-Carnívoros, do Ibama. Segundo a polícia, o caçador e seu filho capturavam onças para encoleiramento dentro do programa para acobertar a atividade de caça clandestina e predatória.

Segundo o superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, David Lourenço, ao menos 20 animais foram mortos nos últimos dois anos em safáris com caçadores brasileiros e também vindos de países como a Rússia, Estados Unidos e Argentina -a um custo de US$ 15 mil a US$ 20 mil por pessoa.

Os grupos se deslocavam para áreas de ocorrência de onças no Pantanal, na região de Miranda (MS), e na Amazônia mato-grossense --a partir do município de Sinop (500 km de Cuiabá).
De acordo com Lourenço, o mentor do suposto esquema é um caçador de Cascavel (PR). Em Sinop, a PF federal apreendeu com os suspeitos seis armas de cano longo de diversos calibres (incluindo um fuzil 762), quatro armas de cano curto, cães e artefatos utilizados para atrair onças. "Era uma quadrilha especializada, com estrutura profissional", diz o superintendente.

Para a PF, a ação criminosa do grupo se desenvolvia a partir do ingresso de caçadores, brasileiros ou estrangeiros, no Pantanal por meio de aviões particulares que pousavam em fazendas da região. Os cães de caça eram cedidos pelo caçador ou por fazendeiros com interesse em proteger o gado de ataques.  
Após fotografarem os animais mortos, os caçadores destruíam as carcaças.

Pelos safáris, os clientes pagavam por animal abatido e, por um valor a mais, tinham o direito à pele, à cabeça ou a todo o animal, que era empalhado em Curitiba (PR).
A PF não descarta a possibilidade do grupo participar de safáris na África e trazer ao Brasil peles e partes de animais, inclusive marfim, cuja comercialização é proibida internacionalmente.

Foram expedidos sete mandados de prisão temporária e 14 mandados de busca e apreensão no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os suspeitos presos serão indiciados pelos crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9605/98), porte ilegal de arma de fogo e formação de quadrilha.

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