Não se apequene, Michel Temer
Como não temos mais a quem apelar, a última esperança é tentar converter os próprios protagonistas dos descaminhos do Congresso Nacional ao bom combate.
Não que este blogueiro-velho-de-guerra ainda acredite nos políticos profissionais, depois de tantos anos acompanhando de perto (e de longe) suas mazelas, como o recente escândalo das passagens aéreas.
São eles, no entanto, e somente eles, que detém o poder; e não vão mudá-lo contra seus próprios interesses, é obvio.
A menos que haja uma motivação maior dentro do próprio poder, capaz de levar um de seus membros a virar a roda da fortuna a seu favor.
É aí que abre-se uma chance única para o presidente da Câmara Federal, excelentíssimo senhor professor, doutor, deputado Michel Miguel Elias Temer.
Fisicamente, Michel Temer não é um homem alto. É mais baixo, inclusive, do que sua atual mulher, a ex-candidata a miss Paulínia, Marcela Araújo.
No entanto, não pode ser considerado um 'tampinha', como se diz vulgarmente. Deve ter lá seus metro e setenta, o tamanho médio do brasileiro.
Sua estatura política não difere muito da física. Chegou a presidente da Câmara Federal, é verdade. Mas isso, cá entre nós, qualquer Severino consegue.
Como se diz na política, o cavalo está passando selado e se Michel Temer não montá-lo agora, vai passar para a história como mais um presidente de uma Câmara Federal desmoralizada.
Será apenas mais um retrato na parede, pertinho, aliás, do retrato de Severino Cavalcanti que sentou-se na mesma cadeira que Temer senta agora.
Talvez seja lembrado também por ter se casado, aos 62 anos, com uma mulher de 20, o que entre seus pares pode ser uma façanha e tanto, mas entre o povo em geral acaba sendo motivo de chacota.
(Antes que me acusem de preconceituoso, quero lembrar que não condeno casamento de ninguém com uma pessoa mais jovem, seja homem ou mulher; pelo contrário, meu coração continua aberto à paixão de qualquer miss de 20 anos de idade).
Mas voltemos ao felizardo, digo, ao deputado Michel Temer. Ele poderá sair da atual crise do Legislativo fortalecido, ganhar uma estatura política maior e consagrar-se no meio das nulidades que perambulam pelos palanques de hoje-em-dia.
Basta que tome medidas moralizadoras e restabeleça um mínimo de dignidade à Câmara Federal.
Isso poderá fazer com que ele saia tão fortalecido eleitoralmente que pode vir a ser um candidato imbatível na próxima eleição para o Governo do Estado de São Paulo.
Eduardo Suplicy foi eleito presidente da Câmara Municipal paulistana em 1988, tomou quatro ou cinco medidas moralizadoras e criou uma imagem tão positiva junto à opinião pública que, por causa dela, se elege senador até hoje.
Temer é um homem culto, professor, doutor, com uma grande experiência política. E o que é mais importante: tem cara de sério, o que já é um grande começo.
Quem sabe a mosca azul da ambição e da ousadia pique o deputado; quem sabe um marqueteiro o convença dessa sua potencialidade; quem sabe, assim, na base da homeopatia, veneno combatendo veneno, restaure-se ao menos um pouco a credibilidade do Legislativo.
Não temos mais a quem apelar, meus poucos mas bons leitores; resta-nos apenas rezar para que ocorra uma dessas possibilidades.
Oremos.
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