Excesso de partidos evidencia oportunismo eleitoral, dizem cientistas políticos
Publicada em 05/09/2011
RIO - O Brasil tem no momento 27 partidos políticos. Mas, se as 19 legendas em formação conseguirem o registro no Tribunal Superior Eleitoral, serão 46, um aumento de 70% do quadro partidário atual. Cientistas políticos costumam apontar vantagens e desvantagens do pluripartidarismo.
- Com muitos partidos, os eleitores têm mais opções. Além disso, a existência de legendas menores evita acomodação dos grandes, protagonistas na política brasileira. Por outro lado, o grande problema são os chamados partidos de aluguel, pequenas legendas que fazem o jogo de um partido político maior. Esses partidos menores não têm pretensão alguma, querem apenas se beneficiar dos grandes - observa o cientista político e professor de Sociologia Política da PUC-RJ, Ricardo Ismael.
Para Ricardo Ismael, o surgimento de novos partidos indica o esgotamento do quadro partidário que esteve presente na última década no país e a tentativa de uma renovação, o que pode estar ligado aos sucessivos escândalos de corrupção:
- O surgimento do PSD mostra esse esgotamento. Essa fragmentação do DEM vem desde o PFL. Podemos dizer que neste ano dois partidos brasileiros sofreram duros golpes: o DEM, que está sendo "refundado" pelo PSD, e o Partido Verde, com a saída da Marina Silva, que tinha tudo para liderar um processo de renovação. O que vemos é uma tentativa de renovação. Novas legendas também podem surgir para ocupar o espaço de partidos envolvidos em escândalos ou que estão em decadência - disse Ismael.
O sociólogo Paulo Baía, professor da Universidade Federal Fluminense (UFRJ), explica que a criação de tantos partidos está relacionada ao funcionamento do sistema político brasileiro.
- Nossa diferença para outros estados democráticos de direito é que nosso sistema politico é permissivo. Nos Estados Unidos existem centenas de partidos, mas que não chegam ao Congresso Nacional americano por falta de uma votação mínima em vários estados e na nação. Não existem coligações partidárias. Eles possuem uma legislação que valoriza a representatividade da sociedade via votação nos partidos.
Baía acredita, entretanto, que é possível pôr freios no que ele chama de "pluripartidarismos estéril":
- Se estabelecermos no Brasil cláusulas de barreira, ou seja, votação mínima por estados e a nível nacional junto com a proibição das coligações partidárias em todas as eleições, teremos um cenário pluripartidário mais representativo. Os partidos parasitários, ficcionais, de aluguel, oportunistas, que elegem seus parlamentares em coligações com lógicas totalmente diferenciadas de estado para estado, desapareceriam.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/09/02/excesso-de-partidos-evidencia-oportunismo-eleitoral-dizem-cientistas-politicos-925275791.asp#ixzz1X8IUEdcR
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RIO - O Brasil tem no momento 27 partidos políticos. Mas, se as 19 legendas em formação conseguirem o registro no Tribunal Superior Eleitoral, serão 46, um aumento de 70% do quadro partidário atual. Cientistas políticos costumam apontar vantagens e desvantagens do pluripartidarismo.
- Com muitos partidos, os eleitores têm mais opções. Além disso, a existência de legendas menores evita acomodação dos grandes, protagonistas na política brasileira. Por outro lado, o grande problema são os chamados partidos de aluguel, pequenas legendas que fazem o jogo de um partido político maior. Esses partidos menores não têm pretensão alguma, querem apenas se beneficiar dos grandes - observa o cientista político e professor de Sociologia Política da PUC-RJ, Ricardo Ismael.
Para Ricardo Ismael, o surgimento de novos partidos indica o esgotamento do quadro partidário que esteve presente na última década no país e a tentativa de uma renovação, o que pode estar ligado aos sucessivos escândalos de corrupção:
- O surgimento do PSD mostra esse esgotamento. Essa fragmentação do DEM vem desde o PFL. Podemos dizer que neste ano dois partidos brasileiros sofreram duros golpes: o DEM, que está sendo "refundado" pelo PSD, e o Partido Verde, com a saída da Marina Silva, que tinha tudo para liderar um processo de renovação. O que vemos é uma tentativa de renovação. Novas legendas também podem surgir para ocupar o espaço de partidos envolvidos em escândalos ou que estão em decadência - disse Ismael.
O sociólogo Paulo Baía, professor da Universidade Federal Fluminense (UFRJ), explica que a criação de tantos partidos está relacionada ao funcionamento do sistema político brasileiro.
- Nossa diferença para outros estados democráticos de direito é que nosso sistema politico é permissivo. Nos Estados Unidos existem centenas de partidos, mas que não chegam ao Congresso Nacional americano por falta de uma votação mínima em vários estados e na nação. Não existem coligações partidárias. Eles possuem uma legislação que valoriza a representatividade da sociedade via votação nos partidos.
Baía acredita, entretanto, que é possível pôr freios no que ele chama de "pluripartidarismos estéril":
- Se estabelecermos no Brasil cláusulas de barreira, ou seja, votação mínima por estados e a nível nacional junto com a proibição das coligações partidárias em todas as eleições, teremos um cenário pluripartidário mais representativo. Os partidos parasitários, ficcionais, de aluguel, oportunistas, que elegem seus parlamentares em coligações com lógicas totalmente diferenciadas de estado para estado, desapareceriam.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/09/02/excesso-de-partidos-evidencia-oportunismo-eleitoral-dizem-cientistas-politicos-925275791.asp#ixzz1X8IUEdcR
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