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“Se eles podem invadir, então nós também podemos invadir. Não podemos
ter medo de índio não. Nós vamos partir pra guerra, e vai ser na semana
que vem. Esses índios aí, alguns perigam sobrar. O que não sobrar, nós
vamos dar para os porcos comerem”.
´
Declaração do fazendeiro
Luis Carlos da Silva Vieira, conhecido como Lenço Preto, publicada no
jornal Naviraí Diário, no dia 18 de agosto.
Lenço Preto, assim como 100% dos fazendeiros da região de Paranhos, a
477 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai, considera que os
índios guarani-kaiowás estão invadindo suas terras. Os guarani-kaiowás
consideram que estão retomando um pequeno pedaço das enormes terras que
eram deles – apenas para poderem viver em paz, sem se tornar mendigos e
bêbados nas periferias das cidades.
O pequeno grupo de
guarani-kaiowás está sendo dizimado há décadas. Muitos estão sendo
mortos. Os últimos que desapareceram, após um conflito com capangas de
fazendeiros, no dia 31 de setembro, foram os professores indígenas
Olindo e Jenivaldo Werá. Muitos, de desgosto, se enforcam.
O
estopim está aceso em Paranhos desde a última quarta-feira, quando
juízes federais de Naviraí, cidade a 270 km, decretou a reintegração de
posse das fazendas ocupadas pelo pequeno grupo guarani-kaiowá, passando
por cima do Governo Federal, que há anos vem estudando a demarcação da
área como reservas indígenas.
O grupo guarani-kaiowá é formado
por 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Diante da decisão da Justiça
Federal de Naviraí, eles decidiram, em conselho tribal, só sair de lá
mortos.
Do outro, a disposição de matar é explícita. O mesmo
Lenço Preto, na mesma reportagem do Naviraí Diário: “A maioria dos
fazendeiros está comigo. Arma aqui é só querer. Eu armo esses
fazendeiros da fronteira rapidinho, porque o Paraguai fica logo ali, e
na guerra não tem bandido”.
É estarrecedor. É um holocausto que
começou há 500 anos e ainda não terminou. Quem já leu Enterrem meu
coração na curva do rio, de Dee Brown, um dos relatos mais abrangentes
do genocídio contra peles-vermelhas norte-americanos, vê as mesmas cenas
se repetindo aqui: expulsão de grupos indígenas de suas terras,
violência, assassinatos, chacinas, roubos, saques, acordos rompidos,
juízes comprados. Tudo igualzinho.
O grupo guarani-kaiowá
divulgou uma Carta Aberta no mesmo dia em que saiu a sentença da
Justiça. Divulgou, em termos: não a vi em nenhuma emissora de televisão,
nem em jornais. Vi em blogues. A grande imprensa não está interessada
(até que a imprensa internacional volte seus olhos para lá). Quem tiver
notícias, que divulgue aqui no Facebook. Pelo menos, é uma forma de
fazer mais barulho em torno do conflito e tentar impedir a matança.
Lenço Preto, assim como 100% dos fazendeiros da região de Paranhos, a 477 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai, considera que os índios guarani-kaiowás estão invadindo suas terras. Os guarani-kaiowás consideram que estão retomando um pequeno pedaço das enormes terras que eram deles – apenas para poderem viver em paz, sem se tornar mendigos e bêbados nas periferias das cidades.
O pequeno grupo de guarani-kaiowás está sendo dizimado há décadas. Muitos estão sendo mortos. Os últimos que desapareceram, após um conflito com capangas de fazendeiros, no dia 31 de setembro, foram os professores indígenas Olindo e Jenivaldo Werá. Muitos, de desgosto, se enforcam.
O estopim está aceso em Paranhos desde a última quarta-feira, quando juízes federais de Naviraí, cidade a 270 km, decretou a reintegração de posse das fazendas ocupadas pelo pequeno grupo guarani-kaiowá, passando por cima do Governo Federal, que há anos vem estudando a demarcação da área como reservas indígenas.
O grupo guarani-kaiowá é formado por 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Diante da decisão da Justiça Federal de Naviraí, eles decidiram, em conselho tribal, só sair de lá mortos.
Do outro, a disposição de matar é explícita. O mesmo Lenço Preto, na mesma reportagem do Naviraí Diário: “A maioria dos fazendeiros está comigo. Arma aqui é só querer. Eu armo esses fazendeiros da fronteira rapidinho, porque o Paraguai fica logo ali, e na guerra não tem bandido”.
É estarrecedor. É um holocausto que começou há 500 anos e ainda não terminou. Quem já leu Enterrem meu coração na curva do rio, de Dee Brown, um dos relatos mais abrangentes do genocídio contra peles-vermelhas norte-americanos, vê as mesmas cenas se repetindo aqui: expulsão de grupos indígenas de suas terras, violência, assassinatos, chacinas, roubos, saques, acordos rompidos, juízes comprados. Tudo igualzinho.
O grupo guarani-kaiowá divulgou uma Carta Aberta no mesmo dia em que saiu a sentença da Justiça. Divulgou, em termos: não a vi em nenhuma emissora de televisão, nem em jornais. Vi em blogues. A grande imprensa não está interessada (até que a imprensa internacional volte seus olhos para lá). Quem tiver notícias, que divulgue aqui no Facebook. Pelo menos, é uma forma de fazer mais barulho em torno do conflito e tentar impedir a matança.
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